segunda-feira, 12 de julho de 2010

Generosa estrela!

Amigos/as!

Recordando o projeto Generosa Estrela,vamos reforçar :

1- qualquer pessoa pode apadrinhar, mesmo morando longe, mesmo sem dinheiro (carta social a um centavo, de pessoa pra pessoa, podendo mandar cinco por vez)

2- você pode iniciar mandando cartas gentis, e buscando saber mais da criança ou jovem. As nossas são bem receptivas, ainda que algumas sofram de algum analfabetismo funcional- óbvio que isso não precisa ser impedimento, pelo contrário, é estímulo a escreverem.

3- a estas crianças, às vezes, faltam exemplos positivos.Então alguém que ABRA MUNDOS NOVOS para estas crianças faz muita diferença. É enviar artigos de internet sobre emas que elas demonstrem interesse, é enviar dicas de cursos, desenhos, figuras...

4- Parece meio óbvio perguntar : mas você não faz isso na evangelização?

Claro que faço. Eu, Laila e Lílian fazemos. Mas não individualmente. Imaginem duas no ciclo I, com crianças às vezes "mordedeiras", dispersas; e uma no ciclo II, com cinco a dez crianças, um programa do Evangelho Segundo o Espiritismo a cumprir, e cada uma querendo falar um pouquinho sobre sua vida, seus sonhos, ao mesmo tempo...Imaginou?

Então acrescente à isso apenas duas horas, nas quais estas evangelizadoras têm que largar a sala e dar uma corridinha na cozinha pra colocar os lanches nos pratos, dividir tudo,e ficar gritando de lá "e aí, garotada, estão fazendo direitinho a tarefa? Jhonathas, não corra pro meio da rua! Rosa,não deixe a torneira aberta, que estamos sem água!".

Não é que seja sempre assim, claro ( só em 80% do tempo rs).

Mas, por exemplo, o tempo que sempre uso no início da aula para perguntar como estão,o que andam fazendo, o que desejam, não é suficiente para tod@s, na minha opinião.

Sem falar que, por mais que tente contextualizar as lições do ESE com incentivos ao futuro (ex:"quando o ESE fala que a oração auxilia nossa vida, quer dizer que ação + prece dá resultado. Como, por exemplo, orar com fé e se preparar para conseguir o emprego sonhado.Já pensaram em se preparar para o trabalho, garotada?") nem sempre é possível.

Há vários domingos, por exemplo, tenho batido na tecla de um colégio especial integral público, chamado Cícero Dias, disputadíssimo, mas que duas de nossas evangelizandas parecem ter aptidão para ingressar.

Contudo, do outro lado, temos a ignorância trabalhando contra essas crianças.Há coisas como : "ah, é o dia todo, tia, e eu não gosto de ficar o dia todo..." (porque no seu colégio atual, significa passar o dia num lugar sem estrutura, chato,feio).

Ou "é longe, não posso ir à pé".

Já prometi que se, ao menos tentassem, bancaríamos passagem e lanche.

Aí vem "Minha mãe disse que é melhor eu ficar onde estou, porque ela não quer me levar de ônibus ...".

Trouxe fotos do colégio, expliquei os computadores (com que muitos/as do DIJ sonham), os prêmios, feira de ciências... E os olhos brilham...

Mas quem não sai daquele círculo de falta de oportunidades, tem dificuldade de visualizar estas oportunidades. É preciso quem o incentive, individualmente, demonstrando que há outros mundos além do morro, do lixo, da ausência de banheiros...

Enfim, percebi o poder de trazer um papel com fotos impressas. Mas na correria das aulas, essa "evangelização cultural" dura cinco, dez minutos, pois a aula é sobre evangelização espírita.

É possível ajudar a expandir mundos nas aulas de reforço, lógico. Porém é uma horinha para tod@s...

Hoje as crianças usam atlas e estão conhecendo outros países, entendendo onde moram,que Pernambuco não é um lugar limitado e finito. Estão olhando outros continentes, e, surpresas, descobrem que fazemos parte de uma América, e que existem outras...

Mas o trabalho é grande, pois ao lado disso, temos crianças que copiam, mas não conseguem criar uma frase.

Enfim, há muito o que fazer! E entre DIJ, há todo um Centro para crescer...

Deu pra entender a importância da GENEROSA ESTRELA?

5- Gostaria de postar fotos individuais das crianças e falar um pouco de cada, para começar a mostrar as/as possíveis "estrelas guias". Porém parece temeroso expor as crianças. Desta forma, vai algumas fotos gerais e algumas características:

Rosa é a mais antiga no DIJ. Está com catorze anos, é bem encabulada nas aulas, não expressa afeto facilmente, e começa a "virar mocinha", chamando atenção da comunidade pelo tamanho do corpo.O que não tem sido legal...
Tem um aspecto interessante, com olhos amendoados, e o cabelo grande, preto. Isso é complicado, requer orientação sobre escolhas afetivas.Não gosta de escola tradicional e precisa de bastante reforço escolar.Embora nao goste de escrever, gosta de pintar e recentemente está num período Barbie: usa sombra rosa, e se possivel, roupas rosas para combinar com o nome.Quer ser modelo.

Kethyllen também está há algum tempo.Não gosta que errem a grafia do seu nome, e a professora aqui faz isso direto... tsc tsc
É magrinha,de traços delicados e amiga de Rosa, pois moram perto.Tem cerca de treze anos. Possivelmente é a garota mais adiantada escolarmente. Ávida na leitura, escreve com desembaraço, embora naturalmente a ortografia tenha algumas falhas.
Sua mãe começou a ajudar na sopa, mas o padrasto anda numa fase difícil para ambas.
É amorosa,esperta e quer ser médica quando crescer.

Mayara é a mais velha do grupo. Tem 15 anos, é uma moça completa, embora bem ameninada de maturidade. Sua mãe faleceu jovem e o pai possivelmente também. Cuida dos irmãos e dos sobrinhos, filhos de sua irmã mais velha.Domina a leitura e a escrita, mas não tem tanto desembaraço.Está crescendo e ficando aborrecida com a falta de opções de lazer na comunidade. "não quero ir pra pista!", sempre diz.
Ir pra pista é descer o morro e ficar numa rua calçada mais distante, sentados/as no meio fio. É que costumam fazer.
Mayara já acha as aulas entediante ( que ouvir música moderna, etc) e quer muito aprender computação. Se sugeriu um curso, mas depende de que a mesma tire carteira de estudante e vá sozinha. A irmã mais velha que a cria tem medo, ela não pensa em aprender a se virar de ônibus, e o projeto ficou engavetado.


John tem treze anos. É dócil, prestativo, e precisa se apegar as pessoas. Tem problemas nos dentes que já o fizeram ter que ser socorrido.São superpostos e tem cáries. Tem muita vergonha, sofre muito com eles e se esconde pra sorrir. Foi reprovado algumas vezes na escola, e participa de programas de "aceleração de aprendizado" que soam meio como progressão automática.
Tem sempre iniciativas de ajudar o centro e foi dele a idéia da faxina das crianças. No dia da contagem de sonhos, murmurou que queria "trabalhar na casa de um homem rico, para ter uma casa linda pra cuidar".
Na verdade, John gosta de jardinagem, porque os irmãos elogiam as plantinhas que ele plantou em casa. Para ele, a "realização" seria "cortar árvores em pompom"

Erika é irmã de John. Tem doze e é amorosa, muito sorridente e magrinha.É bastante esperta escolarmente, e costuma "rivalizar" a resposta mais rápida com Kethyllen, porém a escola de Kethyllen parece mais estimulante, tendo a última uma visão mais ampla dos assuntos escolares.
Também por ser órfã, Erika sente necessidade de apegar-se, direcionando este apego à Mayara (irmã por parte de outro pai)e a John. Ambos são criados por Mayara e por sua irmã mais velha de 28 anos, que por sua vez, já tem quatro filhos, e os irmãos terminam ficando meio que em segundo plano.Quer ser "dona de shopping", para "comer tortas deliciosas e ter um montão de lojas".

Jailton tem dez anos e é filho da irmã mais velha de Mayara. É um garoto bonito, e costuma ter dificuldades de aceitar disciplina e não diminuir as demais crianças. Estuda numa escola espírita com estrutura de particular, ao contrário dos tios, contudo tem pouco rendimento por irritar-se com facilidade em fazer as tarefas. Gosta de fazer comentários polêmicos sobre deficiências, entre outros. Gosta muito de desenhar, e demonstra verdadeira habilidade em desenhos e em copiar imagens que lhe despertem interesse, chamando muita atenção por isso. Copiou em poucos minutos um desenho da parede para o quadro. Quer ser jogador de futebol.

Jonathan tem sete anos e foi "promovido" para o Ciclo II porque não consegue parar quieto entre as crianças do I, além de promover ferrenhos embates com Kévyllen (advinha de quem este é irmão....!). Jonathan é esperto e teimoso, não consegue sentar na cadeira por mais de dois minutos.às vezes faz coisas muito feias, como bater no irmão menor quando esse orava de olhos fechados. Leva uns minutos na cadeirinha pensando, mas precisa ser reconduzido e "chamado na chincha" algumas vezes. Hoje foi constatado que também tem "analfabetismo funcional" (apesar do termo ser mais direcionado à pessoas adultas, e, no caso considerá-lo analfabeto, mesmo, infelizmente...). Ele copia textos, lê textos aos soquinhos, mas não consegue se apropriar dos signos. Escrevendo "precisam", escreveu "pscrsao", demonstrando que tem alguma idéia fonética, mas parou em algum momento. Envergonhado, evita sempre escrever, por mais que se estimule.

Thomas tem dezesseis anos e vive em conflito. Seu temperamento delicado faz com que seja rechaçado na comunidade que vive, e fugiu de agressões com o pai, sofrendo com o alcoolismo da mãe. É muito sonhador e vive buscando uma chance de aprender. Já procurou cursos perto de casa, mas não achou. Não sabe andar de ônibus e se sente incapaz e meio perdido. Tem muita curiosidade com a doutrina, vive perguntando, pedindo livros.

Thainá é irmã de Thomas.Tem cerca de treze. Chegou a se machucar sério antes da mãe separar-se do pai. É bonita, como a Jasmine da Disney. Calada, tenta fundir-se com as paredes.Há comentários sobre dificuldades de barrar o assédio que sofre em sua comunidade, mas ela não deseja conversar sobre isso ainda.

Juninho é pequenino, magro, muito pequeno para sua idade, de doze anos ( parece sete ou oito). Fala pouco, tem dificuldade de compreender todos os assuntos da aula, parecendo mesmo ser mais infantil que a idade cronológica. Gosta de desenhar. Tem analfabetismo funcional, possivelmente.Tem uma irmã com deficiência.

Ângela é filha de uma das assistidas,doze anos, e irmã de Bruno, que nem sempre comparece.Magrinha, roupinhas mais simples que a maioria, sofreu no início por provocações da turma com seu cabelo e aspecto frágil. Quando à vontade, fala muito, abre o verbo, comenta, pede muito tudo o que pode! Tem dificuldades com a escrita.


Enfim, pessoal, estas são as ferinhas mis freqüntes do ciclo II. Eventualmente aparece mais gente, posto que nosso DIJ é como um beiral de casa: cheios que passarinhos que vem e vão,ao sabor da chuva ou da ausência delas...

Seja o farol de uma delas, torne-se uma generosa estrela.

Abraço fraterno,
Aninha

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