Inicialmente, acontece uma coisa divertida: Hermelinda Lopes, na verdade, veio ao mundo batizada sem H, contudo nosso centro tem seu nome com H (coisas insondáveis).
Ermelinda foi uma das três primeiras médicas brasileiras, e como toda pioneira, enfrentou desafios para estabelecer-se nos estudos e na profissão que escolheu, numa época em que as mulheres ainda não possuíam tanta abertura para sua atuação.
Segundo o professor Joffre de Rezende, "quando muito admitia-se a colaboração da mulher no cuidado aos doentes como enfermeira, função exercida durante séculos pelas religiosas de várias ordens (Irmãs de Caridade), ou na assistência às parturientes, como parteiras.
Em 1754, para assombro de toda a Europa, uma alemã, de nome Dorotea Cristina Erxleben, conseguiu o título de Doutor em Medicina na Universidade de Halle, tendo sido a primeira Mulher a receber oficialmente o diploma de médico Em 1809, nos Estados Unidos, as primeiras estudantes que se matricularam em um Colégio Médico, na Pensilvânia, foram motivo de chacotas, insultos e desrespeito por parte dos estudantes.".
Também coloca o professor, em texto bem apanhado, que "Na mesma época, em Edimburgo, na Inglaterra, as primeiras moças que conseguiram matrícula no curso médico foram vaiadas, insultadas e agredidas pelos rapazes. A Reitoria abriu um inquérito administrativo e decidiu pela expulsão das alunas, considerando-as culpadas pelos distúrbios.
A imprensa chamou-as de "as sete sem-vergonha" e uma publicação médica, intitulada Escholastic Medical, escreveu a propósito: 'nada há tão materialmente inaceitável como uma doutora em medicina. Se há paradoxo possível é a admissão da mulher na arte de curar. Se Deus tivera adivinhado que a mulher se havia de lembrar uma vez de ser doutora em medicina, certamente, não incomodaria o sono de Adão para lhe tirar a costela...' "
Bem se vê que muito havia que se lutar para uma mulher atender a sua vocação genuína.
A primeira mulher a se formar em medicina no Brasil chamava-se maria Generosa Estrela (sugestivo!). Ela era carioca e fora estudar fora, nos Estados Unidos, com apenas 16 anos!
Em 1879, foi permitida a presença de mulheres nos cursos superiores, e em 1881, três anos depois, surge a trinca de corajosas :Rita Lobato, Antonieta Dias e nossa querida Ermelinda Lopes, que era natural de Porto Alegre.
Ermelinda formou-se em 1888, sendo a segunda mulher médica a se formar no Brasil, depois de Rita Lobato (que pediu transferência para outro Estado no meio do curso, mas o concluiu em 1887) .
Sabe-se que Ermelinda fora cega de nascença por uma infecção, e posteriormente curada. Também que sua tese final foi sobre Formas clínicas de meningite em crianças, diagnóstico diferencial.
Assinala o professor também que Ermelinda dedicou-se à obstetrícia, chegando a dirigir uma clínica.
Não obstante ser ridicularizada, a espiritualidade amiga deu-lhe oportunidades raras de servir, proporcionando-lhe, inclusive, fazer o parto da esposa do historiador Sílvio Romero, que em crônica cruel anterior, a chamara de "machona", como se inteligência e feminilidade fossem incompatíveis.
Sabe-se que Ermelinda especializou-se na França e na Alemanha.
Hoje nossa "Hermelinda" dá nome ao nosso centro querido, iluminando encarnados e desencarnados com sua dedicação e carinho.
Sugestõesemail do professor Rezendejmrezende@cultua.com.brLivroSILVA, Alberto – A primeira médica do Brasil. Rio de Janeiro, Irmãos Pongetti Ed., 1954
E o site http://escrivinhadoradenoticias.blogspot.com/2008/02/muhm-inaugura-em-maro-mostra-mulheres-e.html
Estranho é que a biografia dela parece ter laços com a sua: ambas são mulheres tão fortes... Bjs
ResponderExcluirkkkk e meio malcriadas ;) Mas estou me educando...deve ser um trabalho persistente da danada sobre mim rs
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